terça-feira, 30 de março de 2010

A cru

Paradoxos e analogias surgem na minha mente numa tentativa desesperada de me explicar, de me encontrar certezas para o que faço e o que quero. Mas não as há.

Repito o sentido das coisas que não o têm e acabo por sorrir e conformar-me com a velocidade do pensamento, que me quer mostrar motivos.

Mas o motivo vem de nós e o porquê vem do acaso e o acaso não existe.

domingo, 28 de março de 2010

B.

Durante abraços e amassos nos teus lençóis

completamente entregue a mim

sussurraste ao meu ouvido:

"quero ficar contigo para sempre..."


Senti-me encher de ternura por ti.

quinta-feira, 25 de março de 2010

B.



Vejo-te

suave

como quem diz amor...

(poema de Tony Tcheka, poeta da Guiné-Bissau)

terça-feira, 23 de março de 2010

Tatuagem

Pintaste-nos
com amor
com tinta eterna na pele
e aí
encontras-me
sempre encontrar-me-às
durante
a minha ausência...

E da pele
não me podes tirar
nem apagar
nem esquecer.
Porque esse pigmento
que fizeste entrar em ti
é a marca que existi
na tua vida.

Voamos, sim,
e partimos.
E agora?
Vais arrancar uma parte do corpo?

Starry Night



Van Gogh

segunda-feira, 22 de março de 2010

De Israel com amor

Aterrar em Telavive, esse Jardim da Primavera.
A porta do avião abre-se para a saída dos passageiros.
Pisar solo sagrado, sentir as lágrimas quentes a descerem cara abaixo. Ver velhos de tatuagem no braço a beijarem o alcatrão quente debaixo dos quarenta e cinco graus do Verão. Como conter as lágrimas?
Sentir um pequeno grande aperto no coração, sem ousar pestanejar não se vá perder qualquer emoção.

Haifa
Chegar pela marginal do porto, subir aos Jardins Ba´hai. Mulheres com crianças pela mão em todo o lado, braços e pernas cobertos, há que respeitar os credos. Procurar a sombra de uma árvore no Verão hebreu é prioritário.

Jerusalém
Subir o monte das Oliveiras e ver-se o dourado da cúpula da Al Aksa e a parede do templo destruido onde ainda hoje se lamentam os tempos idos. Jerusalém é um explosão de emoções contraditórias. Mistura-se a crença com o cepticismo, por entre o chão das mesquitas e o túmulo do Santo Sepulcro. Cada um transporta a sua cruz na sua perigrinação ao centro do mundo. Mas Jerusalém está velha, feia, suja. Caótica, feroz e amável ao mesmo tempo.

Neguev
No deserto não há cor e o silêncio grita.
Não há cor nem há movimento nem tão pouco alegria. Mas transmite paz. "Do pó fomos feitos, ao pó tornaremos". Israel e religião estão de mãos dadas, mesmo que seja num tom bélico ou mesmo que não acreditemos em religião. Só nas histórias se encontram acampamentos beduínos, mercadores ao passo lento dos seus camelos. No deserto não vemos ninguém e sentimo-nos tão pequenos perante a imensidão de terra, rocha, aridez, que apetece fugir. É a noite que traz a cor, o céu torna-se o mais bonito de se ver, polvilhado de estrelas cadentes. Não é por acaso, é na solidão do deserto que faz mais sentido fazer pedidos a estrelas.

Subir Masada e contemplar o Mar Morto. Quem tiver feridas que não entre no Mar ou arrepender-se-à. Espreitar as grutas enquanto se desce ao ponto mais baixo da Terra e cobrir a pele de lama, faz milagres nessa terra que já de si é um milagre.

Voltar a Telavive, o Rio de Janeiro do Médio Oriente. Ter consciência do crescimento espiritual e histórico que sofri. Passagem rápida pela Jaffa dos vestigios romanos com o mercado árabe a preceito, depois de Nazaré cristã mas de lingua árabe, Eilat dos turistas do Mar Vermelho e Sde Boker dos kibbutz.
Descolar da pista rumo a casa, num mundo menos caótico e mais tolerante, com a sensação que cresci e que Deus afinal até existe. Um último olhar pela janela pequena do avião e sentir as já familiares lágrimas a rolar.

Deixo casa rumo a casa.

domingo, 21 de março de 2010

Portugal

Tenho corrido o mundo.
Estive já em quatro continentes e mais de 30 países.
Mas em lugar nenhum da Terra me sinto em casa como em Lisboa.
Portugal, país pequeno e unido, marinheiros e fadistas, amor e saudade. Este sentimento que é tão nosso, língua de poetas, berço da epopeia, alma lusitana. Tamanho reduzido que nos deu montanhas e mar, vizinhas e comadres, amigos e amores, misticismo e mitologia e a palavra mais única que há, saudade.
Gente da minha terra, a nossa terra, a que voltaremos sempre e levamos no coração.
Casa. A nossa casa.

quinta-feira, 18 de março de 2010

I (heart) O.

Ele é assim... quando eu já estou conformada e ciente da decisão correcta que tomei ao deixá-lo ir, completamente do nada ele reaparece.
E eu volto a apaixonar-me. Outra e outra e outra vez.


E, se de certezas eu fosse feita, diria que será assim para sempre.
Porque ele se me entranhou na pele e no coração.
No fundo, acho que conheci o homem dos meus sonhos e recuso-me a deixá-lo, mesmo sabendo que não é de todo a pessoa indicada para mim.


Teimosia, resignação? Quiçá amor...

quarta-feira, 17 de março de 2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

M. in Neverland

Chegou a hora do adeus,
estou a virar a página.
De repente sinto-me uma estranha para contigo...
mas já não sinto nada que me prenda.

Vou apagar de vez,
cada passo teu
porque eu só me vou curar quando te disser adeus...

Sei que ainda acreditas nas estrelas,
e quem sabe a vida ainda vai-nos mostrar que o mundo é mesmo pequenino,
que não perdemos os sonhos?

Eu não vou mudar,
viagens, sonhos e outros planos, não vou esquecer nada.
Guardo o melhor de ti, guarda o melhor de mim.

Vai ser melhor assim?
Vai ser melhor para mim.

Se eu tivesse coragem de cortar o laço...

segunda-feira, 8 de março de 2010

As coisas do coração



Entrei muda e saí mudada.
E agora deixo-me ir na corrente.

Enquanto aquecer o coração, é bom. Enquanto fizer sonhar, deixo-me ficar.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Vinicius

É claro que a vida é boa,
E a alegria, a única indizível emoção.
É claro que te acho linda,
Em ti bendigo o amor das coisas simples.
É claro que te amo,
E tenho tudo para ser feliz.
Mas acontece que eu sou triste.



Vinicius de Morais

quinta-feira, 4 de março de 2010

Au revoir?

Sabia-o agora, a força vinha de algum lugar místico dentro de si. Mas já não tinha mais condições de sofrer. Então, foi ter com ele a sua casa para conversarem. Aquela conversa, a definitiva, onde de uma forma ou de outra se dá de caras com o turning point.
Como a emoção do reencontro lhe atrofiou o pensamento, pediu-lhe para que ouvissem uma música. Não por acaso nem uma música qualquer. Queria que ele reparasse na letra e percebesse o que ela queria dizer sem no entanto conseguir. Mas ele nem notou; a maioria das subtilezas passa ao lado dos homens.
Remember, I will still be here, as long as you hold me, in your memory…
Just remember me.
Ele tinha-lhe dito que se poderia fácilmente apaixonar por ela.
Porque não o fez? Porque não o faz agora? De que está à espera?
Remember, I will never leave you, if you only remember me…

terça-feira, 2 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

O primeiro tudo nunca nos esquecemos...
Da primeira amizade ao primeiro ídolo, do primeiro beijo à primeira rejeição, da primeira impressão ao primeiro adeus.