sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Outro conto de Ano Novo

Num dos dias de Hanukah, o rabino Nahum, filho do rabino de Rizhin, entrou na sinagoga e encontrou os seus alunos a jogar às damas, como era costume naquele tempo. Quando viram o rabino, envergonharam-se e pararam de jogar. Mas o rabino Nahum sorriu e pediu-lhes que prosseguissem: “Sabem que as regras do jogo de damas são muito parecidas às regras da vida? Pois reparem: a primeira é que não se podem fazer duas jogadas ao mesmo tempo. A segunda regra diz que apenas se pode andar para a frente, e nunca para trás. E, por fim, quando se chega à última casa, alcança-se o dom de poder finalmente andar em qualquer direcção.

Rabino Nahum de Stepinesht (Ucrânia, século XIX)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Um conto de Ano Novo

Contou o rabino Naftali de Ropschitz:
“Durante o cerco de Sebastopol, trotava o czar Nicolau no seu cavalo quando um arqueiro inimigo fez pontaria sobre ele. Um soldado russo, que observava de longe, gritou para assustar o cavalo do czar, que se voltou de repente no exacto momento em que a flecha disparava em sua direcção. Percebendo que fora salvo de morte certa pelo seu soldado, o czar agradeceu ao homem e disse que lhe concederia o desejo que ele quisesse. O soldado não pensou duas vezes: “O nosso sargento é uma besta e bate-me constantemente. Majestade, gostaria de poder ser transferido para uma nova companhia sob as ordens de outro sargento!”
“Idiota!”, respondeu-lhe o czar, “porque não me pedes antes que te faça sargento?”
Nós também somos assim: preocupamo-nos com coisas pequenas, rezamos para suprir as necessidades do momento e esquecemo-nos de ver para além delas.

Rabino Naftali de Ropschitz (Ucrânia, séc. XIX)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Não gosto de pessoas que andam e falam aos soluços, pessoas agressivas, antipáticas, neuróticas, saloias, burras. Pessoas que são inconvenientes, mal-educadas, chatas. Pessoas más, mal-formadas, egoístas e invejosas.
E vejo disto todos os dias.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Das casas velhas e expectativas novas

Quando era pequena e morava na Estefania tinha um grande jardim onde havia gatos, árvores e muito espaço para brincar. Costumava fazer corridas com as nuvens e enfurecer-me por elas me ganharem sempre. Andava de bicicleta e aprendia a nadar no tanque. Mastigava as palavras e percebia que depois de repetidas dez vezes deixavam de fazer sentido. Sinto saudades do meu jardim. Os prédios novos de Lisboa não têm espaço para guardar um jardim privado, cultivado com amor e paciência. Ainda hoje, que já não sou tão pequena assim, gosto de jardinagem. Acalma-me tratar das flores, remexer na terra e regar. O cheiro da terra molhada traz-me a infancia de volta. E o jardim que guardo na memória, onde vivi tanto que por mais que viva, e muito foi depois, nunca mais vivi como ali.
A minha infancia acabou na mesma altura que mudei de casa. Nova zona, nova escola, novas brincadeiras. Quando as Barbies desapareceram da vista, os Ken´s da vida real apareceram. Processo complicado. Nunca entendi os rapazes. Ainda não entendo os homens. Já os invejei e achei que têm uma vida menos complicada; apesar de tudo, gosto de ser menina. Gosto de ser a menina numa familia de homens. Invejo a amizade masculina. É mais franca e mais leal. Não será por acaso que sempre me dei melhor com rapazes e tenho mais amigos rapazes que raparigas. Da infancia ficou-me também uma paixão por gatos. Tinha muitos no jardim, todos com um nome da corte real Disney. Identifico-me com a independência dos gatos. Mansinhos mas com garras afiadas, just in case. Ficaram-me as amigas das brincadeiras da praia e do colégio, qualquer dia casadoiras e mamãs! Ah, como fantasiavamos com esses dois acontecimentos... Tenho saudades da infancia mas por nada quereria voltar para lá. Por nada me veria de novo sentada a recitar poesia e a solucionar o teorema de Pitágoras. Desde cedo aprendi a deixar no passado o que a vida me levou. No meu presente tenho algumas certezas, do meu futuro nem uma imagem me vem à cabeça. Mas quando as memórias voltam em força, é bom deixá-las correr livremente e por vezes partilhá-las... com quem importa e está presente...

O Músico de Auschwitz

Em Jerusalém
encontrei um homem
que tocava violino em Auschwitz.
Tocava numa orquestra
acompanhando os que iam morrer
no fogo crematório.


Hoje é engenheiro,
ilumina cidades do mundo inteiro,
inclusive os muros da Cidade Santa.
Não lhe perguntei que música tocava.
No seu braço o número - 121097, de prisioneiro.
Não lhe perguntei que música tocava.
Perguntei-lhe se ainda tocava.
Sim, ele tocava.


Affonso Romano de Sant'Anna

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Vicios



I truly (heart) Trapeze!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

While flying

Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo o sexo bom é para namorar.


Nem toda a pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo o beijo é para romancear.
Nem todo o sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim…


Quem disse que ser adulto é fácil?


Arnaldo Jabor

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

While flying



Trocaria a memória de todos os beijos que me deste por um único beijo teu.

E trocaria até esse beijo pela suspeita de uma saudade tua, de um único beijo que te dei.


Miguel Esteves Cardoso

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

December rain


Odeio dias de chuva, estragam-me o cabelo e as malas de pele.
Mas quando estou em casa enroscada no B. e lá fora chove sem parar, é bonito de se ver. É bonito sim e assim eu gosto de chuva. Mas só assim, nessas situações.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Os homens


Os homens, tal como os animais, precisam ser domesticados.
Porque nos chegam às mãos completamente selvagens e imberbes temos que lhes dar um banho de maturidade. O meu querido B. era um rapazinho completamente esquivo e desligado quando me conheceu; o que me faz pensar o que raio andou a sua ex-namorada a fazer durante os anos que namoraram... Porque não foi ela capaz de o domesticar?
Faz-me pensar nos meus ex-namorados e nas suas actuais companheiras. Apenas uma leva uma pérola, as outras acabarão por fugir, como eu fiz. Mas a que leva a pérola, deve-o em parte a mim, que o tornei civilizado e amoroso. Nisso tenho orgulho!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ponto sem final

Não me tem apetecido escrever.
Já são alguns anos na blogoesfera, que se iniciou como uma curiosidade, tornou-se um vicio e começa lentamente a cansar.
Não tenho assunto, não há novidades nem vontade de partilhar a falta de novidades. Também não há estimulo nem expectativas defraudadas.
Como os sentimentos blogoesferianos são cíclicos, qualquer dia isto passa.
Comigo nunca nada tem um fim, só intervalos.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Entrando no fim

Sobrevivi a mais um Novembro, o mês terrivel das relações. Que este ano não foi terrivel, compensou os Novembros passados.
E agora venha Dezembro, para me despedir de 2010 que foi um ano muito bom para mim e que deixará saudades.

terça-feira, 30 de novembro de 2010


When I, know, surely, surely

You are hurting me and you said that you wouldn't

You promised me you wouldn't, you wouldn't

And I said I'd be with you

And now I know I couldn't

And I knew I couldn't...

[Lauryn Hill – Perfect Match]

Advertising knows it all


HI HI HI HA HA HA

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

domingo, 28 de novembro de 2010

Dos deveres de uma estagiária

Tudo quanto me mandam fazer começa com:

"Posso pedir-te um favor?"

Vontade de dizer: NÃO!!

Mas estagiária (EU) é (SOU) obrigada a responder:

"Claro, o que precisa que eu faça?"

Com um sorriso. Sempre com um sorriso!

sábado, 27 de novembro de 2010

Rapaz VS Mulher



Conheci um rapaz super interessante, bonito, charmoso, educado e cavalheiro. Conversamos durante horas, dançamos Sinatra e Aretha, observamos a estrelas.
No fim disse-me a sua idade... o interesse passou-me. Surgiu a dúvida de sempre, se vale a pena embarcar num romance com um muito recente pós-teen. Creio que não vale, não são focados, querem apenas experimentar uma miúda mais velha. Como o próprio admitiu, foi a minha maturidade que o encantou. Sim querido M., já não tenho 20 anos...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Aqui me confesso



"Sou uma mulher madura que às vezes brinca no baloiço.

Sou uma criança insegura que às vezes usa salto alto."

Desconheço o autor da citação

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Impressões de 1 viajante


Amei Veneza.
E Veneza é um lugar ideal para amar.

domingo, 21 de novembro de 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Out of duty


Não é só o Ferrero Rocher e o Mon Cherrie que vão de férias.
Eu também vou! Amanhã por esta hora já não estou cá.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Livro do Desassossego

Talvez tudo seja símbolo e sombra, mas não gosto de
símbolos e não gosto de sombras.
Restitui-me o passado e
guarda a verdade.
Dá-me outra vez a infância e leva Deus contigo.


Fernando Pessoa (Bernardo Soares) - Livro do Desassossego

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um indiano chamado Sol

Se identifico um sítio com determinada pessoa, o Sunny representa para mim o deserto de Israel. Palmilhámos juntos quilómetros sem fim de terra e pedra, numa camaradagem tão inocente e ao mesmo tempo tão íntima.
Ele foi uma lufada de ar fresco nos cinquenta graus do deserto e nos longos caminhos em que me apetecia desistir mas não tinha como. Por entre as ordinarices em punjabi e português, que já todos sabemos serem as primeiras coisas que se aprendem numa lingua estrangeira lá iamos escalando rocha atrás de rocha, o Sunny sempre na retaguarda a amparar as quedas.
Tinha um turbante, na minha opinião quase circense, que nunca tirava, não bebia alcoól nem comia carne. Tenho para mim que apesar dos seus vinte e cinco anos era uma pessoa tão pura quanto uma criança.
Tenho saudades do meu Sol, cujo sorriso nunca vou conseguir esquecer.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Das coisas que eu sei

As miúdas, as raparigas, as mulheres (estou numa de sinónimos) têm, por qualquer razão inexplicável, uma atracção, desejo, vontade (continuo nos sinónimos) ou preferência pelos "bad boys". Quanto mais rebelde, abrutalhado e mal-educado, mais lhes capta a atenção.
Aqueles que não valem muito, que não se preocupam, que são egoistas e fúteis ganham na corrida ao mulherio. Já aqueles rapazinhos bonzinhos, de caracter, gentileza, simpatia, são apenas vistos como amigos.
Ser querido e estar sempre pronto a ajudar não tem o mesmo charme de um quanto mais porrada me deres, mais vou querer-te. E porquê? Se esperam um resposta, não a sei, só sei que é assim, sempre foi e sempre será.
Mas para sempre? NÃO! Não, uma miúda quando chega a mulher, inevitávelmente (ou não tanto assim) perde a paciência para com a indiferença e sente o quanto teria ganho ao prestar atenção àquele amigo sempre lá. Mesmo que não seja lindo. Mesmo que não seja charmoso. Mesmo que não tenha atrás de si uma legião. Se estiver a seu lado, se for caseiro e queira apenas ser feliz a dois, então torna-se na pessoa ideal.
Acontece que, das coisas que eu sei e tenho como garantidas... por vezes quando se chega a essa constatação já é tarde. Quem disse que a vida é justa?

sábado, 30 de outubro de 2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Olhos de gato

- Você tem um olho mais escuro que outro... assim a esbater para o verde... parecem olhos de gato...
- Acha mesmo? Não passo horas suficientes ao espelho para reparar nisso.
- Já disparou uma arma?
- Ainda não.
- Venha daí, com esses olhos, pode vir um dia a precisar.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Há vezes

Há vezes em que acho que durmo e acordo no mesmo dia porque os problemas são sempre os mesmos, tudo se repete ciclicamente.
Há vezes em que acho que a vida é como fazer uma tatuagem, um exercício de transformar a dor em prazer.
Há vezes em que me sinto assim, prisioneira de mim.
Há vezes em que saio de mim, vou para qualquer outro lugar.
Mas acabo sempre por voltar para mim.
Medo... sim, medo!
Para além dos medos básicos da solidão, de perder alguém, de não encontrar o meu lugar no mundo, acrescem diáriamente novos medos.
Porque ter medo significa que tenho coisas valiosas que posso perder. E não as quero perder.
Sou feliz!
Quero o MUNDO...

sábado, 23 de outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Forever would be fine

.Do you ever think of coming back? The island is smaller without you. And everything around the house misses you. Your flowers. Your lemon trees. Your clothes I kept in the wardrobe. I think you should come back. And stay. Yes, stay here. Forever would be fine.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

B.

Flur
iardi na mi
susega na mi
pa n sedu bu sol
nin ku sol noti
sukuru iabri si mantu
n na lumiau kaminu

[Tony Tcheka]

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Old stories

. I´m calling just to wish you a merry christmas.

. Thanks.

. I know it doesn´t mean a lot to you... but it does to me and you always cared about things I like.

. True... How´s the weather there?

. Sad... we end up talking about the weather... well, it´s sunny and hot as always. You should be here.

. I know.

sábado, 16 de outubro de 2010

Mourão-Ferreira

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

E.E.Cummings

You being in love
will tell who softly asks in love,

am I separated from your body smile brain hands merely
to become the jumping puppets of a dream? oh I mean:
entirely having in my careful how
careful arms created this at length
inexcusable, this inexplicable pleasure - you go from several
persons: believe me that strangers arrive
when I have kissed you into a memory
slowly, oh seriously
- that since and if you disappear

solemnly
myselves
ask "life, the question how do I drink dream smile
and how do I prefer this face to another and
why do I weep eat sleep - what does the whole intend"

they wonder. oh and they cry "to be, being, that I am alive
this absurd fraction in its lowest terms
with everything cancelled
but shadows
- what does it all come down to? love?

Love
if you like and I like, for the reason that I
hate people and lean out of this window is love, love
and the reason that I laugh and breathe is oh love and the reason
that I do not fall into this street is love.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Há cor na cor


Guardo em mim o silêncio da alegria.

Que se manifesta devagar, um pouco mais, a cada dia.

domingo, 10 de outubro de 2010

Do trágico

O humor não salva; o humor, em definitivo, não serve para quase nada. Podem ver-se, durante anos, muitos anos mesmo, os acontecimentos da vida com humor. Em alguns casos pode adaptar-se uma atitude divertida praticamente até ao fim; mas a vida acaba sempre por nos deixar de rastos. Por melhores que sejam as qualidades de coragem, sangue-frio e humor que criemos ao longo da vida, acabamos sempre por ficar com o coração em pedaços. E, então, deixamos de rir. No fim de contas, só nos resta a solidão, o frio e o silêncio. No fim de contas, só nos resta a morte.

Michel Houellebecq

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Para ninguém


Amor,
o que é o sofrimento?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Self

Este ano descobri algo...

Aprendi.

Chorei.

Tive muitas e muitas noites felizes. E dias ternos. E madrugadas de dúvida.

E viagens, praia, sol, chuva, trabalho, preocupações, alegrias.



Descobri que o meu mundo não tem oceanos...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

While flying

"Tarde te amei,
beleza tão antiga e tão nova.
Eis que habitavas dentro de mim e eu lá fora a procurar-te..."

In Confissões de Santo Agostinho

sábado, 2 de outubro de 2010

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Schlomo

Em Israel conheci o Schlomo, agora na casa dos 70, ele foi um menino de pijama em Birkenau. O Schlomo tem uma tatuagem que o acompanhou mais de metade da vida. Tem pesadelos com o que viu e nunca poderá esquecer. Mas ele sobreviveu, reconstruiu e recomeçou.
O Schlomo, que eu tive a sorte de conhecer (foi meu guarda-costas durante as minhas andanças no Neguev), é um herói aos meus olhos. Porque os heróis são também aqueles que nós não reconhecemos o rosto, nao lhes vemos a alma, mas que suportaram o insuportavel e sobreviveram para contar.
Transponho para o Schlomo todos os meninos de pijama. Conhecer sobreviventes tem uma força ímpar... não é descrítivel o que se sente ao abraçar uma pessoa que era suposto ter morrido da forma mais cruel possivel.
E sobreviveu. E viveu, fez familia, deu continuidade à nossa fé. Foi feliz, aprendeu a perdoar e a conviver com a dor de ficar sozinho no mundo, sozinho do amor e amizade que lhe tiraram na infância.

domingo, 26 de setembro de 2010

Can I walk with you?

A primeira vez que o vi não foi a primeira vez que o vi; foi a primeira vez que o meu coração esboçou um sorriso por vê-lo. Quando o vi surgir do escuro, lindo, de locks tão finas e ar tão rebelde, sinto que o vi pela primeira vez. Prendi o olhar e senti nas narinas o seu cheiro quente.
Empreendi uma verdadeira perseguição até captar o seu olhar no meu. Consegui prendê-lo num laço tão forte que ainda hoje sinto que não está desfeito, ainda há dias em que o seu cheiro não me abandonou, em que as mutações da lua que vimos param defronte dos meus olhos. Ainda hoje, ainda, e sempre, não tenho qualquer dúvida. Sabemos que há caminhadas a dois, caminhadas num sentido comum, numa vida afastada mas sempre ligada, por laços tão finos quanto fortes, laços de uma só ponta, comum, partilhada.
De que é feito afinal o amor? Agora já começo a descobrir... é feito do que vivi no intervalo da minha vida.

B.

sábado, 25 de setembro de 2010

Na corda bamba das letras


Fui convidada a escrever um coluna semanal num jornal que não direi a ninguém qual é.
O convite, para além da grande surpresa que me trouxe, foi proporcionado pelos elogios positivos e construtivos que um profissional das letras me fez, achando que eu sou merecedora de publicação. Disse que sou uma escritora e que devo desenvolver essa arte, conciliando com o meu trabalho.
A primeira reacção foi recusar, por vergonha e medo das criticas que sempre surjem; mas, e porque não? Que tenho a perder? Nem sequer preciso assinar os textos, criei um pseudónimo. E, mais ainda, quem é que eu conheço que perde tempo a ler colunas de jornais?
Já disponibilizei os primeiros doze textos, todos eles criados no ambito deste e do anterior blog, que servirão para as próximas doze semanas. E depois farei o balanço se valerá a pena continuar ou dar esta aventura por terminada.
Isto será, para mim, um verdadeiro andar na corda bamba, rumo ao desconhecido.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Mum says she looks like me



... and I find it funny!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Da felicidade


Os dias em que nos sentimos felizes por um qualquer motivo diferente do habitual são uma dádiva; contudo, os melhores dias são aqueles em que, sem motivo aparente, nos sentimos felizes pelo simples facto de sermos quem somos e movimentarmo-nos pelos meios a que pertencemos. Esses são raros, talvez mais raros que os primeiros; e contudo, necessitam tanto de nós para existirem quanto os segundos. Há dias que não precisamos de um estimulo, nem de um sorriso, nem de um presente, nem de um abraço para nos sentirmos gigantes de tanto afecto por tudo quanto nos rodeia. Hoje é um desses dias. Hoje é um dia em que não fiz nada de extraordinário, excepto trabalhar, em que ninguém me fez um elogio rasgado ou me expressou amizade ou gratidão, e mesmo assim sinto-me inchada de uma felicidade serena e uma gratidão pacata por estar aqui, a aproveitar o sol do céu azul e a companhia dos que me rodeiam. Felizes as coisas simples...

domingo, 19 de setembro de 2010

António Gedeão

Tu, eu
(e todos nós)

temos enredos na voz,

armaduras e espessuras

que nos encobrem de nós.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Crazy little thing called love


Solidez? Como se sabe que uma relação é sólida?! Nunca há garantias ou não haveria tantos solteiros no mundo. Mas porque insistem em mostrar-me que não devo acreditar nas estrelas? Sei bem que a menos que sejamos um Quixote, não devemos perseguir quimeras, mas não me posso permitir sepultar um sentimento sem lhe dar uma hipótese. Amo-te para cá, amo-te para lá. Lindo, mas insustentável. Nada de competições nem comparações, tolerancia para aceitar regras que não foram previamente estipuladas, nisto já acredito. Amor não é só poesia, haja discernimento, racionalidade, compreensão que união não é necessáriamente fusão.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

terça-feira, 7 de setembro de 2010

While flying

Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.


Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.


Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.


Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e fogo.


Pablo Neruda

domingo, 5 de setembro de 2010

Mr O.



Il y a longtemps que je t'aime


Jamais je ne t'oublierai...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A.M.

A.M. é um bombom de entre um pequeno leque de amigas da melhor colheita.
Deixa comigo os seus segredos mais ensombrados, os seus medos e os seus sonhos.
Sabes, sinto que ainda brincamos de princesas na areia, sim, e ainda rimos e fugimos do mar gelado... e sim, as nossas filhas serão muito amigas, tão amigas quanto nós somos.
A.M. é sinónimo de amor...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Oráculo



Não sei quem sou.
Tenho um nome e uma familia e uma residência. Tudo isto consta da minha identificação.
Mas não sei quem sou...
O que queria já não quero, o que esperei querer não aconteceu e para a frente no caminho só vejo indefinição.
Pitonisa, diz-me que me conheça a mim mesma. Porque, mesmo, não sei quem sou.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sweet



Porque os dias contigo são doces e coloridos...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Djavan


A paixão, puro afã, místico clã de sereia, castelo de areia, ira de tubarão,
ilusão...


[Djavan - Açaí]

domingo, 22 de agosto de 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

De Israel

O deserto conquistou-me, contra todas as expectativas. Vi e partilhei o céu mais lindo do mundo com pessoas que me ficarão no coração para sempre. Pudesse eu transmitir por palavras o que vi, o que fiz, o que ri... as coisas realmente importantes não as consigo verbalizar.
Chorei ao ver Jerusalém, senti que tudo faz sentido, que Deus me guia. Agora em Telaviv estou a descansar de duas semanas intensas em que, por vezes, achei que não me conseguiria mais levantar, já não teria força para continuar. E depois de superar todos os meus limites, sei agora que nada me quebra, que posso sempre continuar, há sempre um passo a dar quando já só se quer desistir...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cheiro a jardim fluvial


Conheci Brugges em Julho de 2003 pela objectiva do Phillip. Sim, para mim há cidades que persistem a par com alguém que me marcou enquanto lá estive e da Bélgica lembro o Phillip. Era querido o suficiente para ser encantador. Percorriamos os canais de barquinho e bebiamos kriek estendidos ao pouco sol belga. O seu passatempo era fotografar-me a cada instante, a cada sorriso de felicidade ou a cada resmungo de frio. No fim da viagem, complilou-me [a mim] num diário de viagem que ainda guardo.

Soube à pouco que está casado e tem um filho bebé. Fiquei feliz por ele e nada surpreendida, é do tipo familiar ele, aquele que em cada rapariga via uma potencial mulher e mãe. Daqueles que devemos gostar mas que por qualquer motivo inexplicável sómente achamos encantadores.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

The truth (?)


Numa qualquer parede nas Azenhas do Mar.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

In pieces

sonhos interrompidos
sinais despercebidos
amores mal resolvidos
pessoas no coração
choros sem razão
sítios que ainda não conheci
actos por impulso
distração constante
desnorteada frequentemente
experiências que ainda não vivi
fragmentos que já esqueci
promessas cumpridas
promessas esquecidas
amizades que cultivei
pessoas que amei
coisas que já disse
coisas que calei
momentos que perdi
músicas que ouvi
músicas em mim
poesia que li
e livros que devorei
pequenos passos
sorrisos que ofereci
sorrisos que recebi
abraços, beijos, gratidão
paixonetas, ilusões, despedidas
soluções, enquadramentos, medo

detalhes tão pequenos
e que são tanto de mim.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

While flying

Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e erronea fé
O ontem que dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi e voou
E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Memoirs

Alguém me viu.
Me descobriu.
Entre o Tejo, a cumplicidade e a dança.
Grande tarde, grande noite.


Da razão

Portugal é país de escritores e poetas,

e os Portugueses escrevem bem porque são tristes...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

domingo, 1 de agosto de 2010

O.

(...) No combate final
Não ouvindo o teu sinal
Procurarei por ti
Há-de a coragem sobrar
Eu irei-te buscar
Ao inferno
Faz o mesmo por mim.


Até ao meu regresso e mais além
Eu já só te peço fica bem
Aguenta essa saudade por alguém
Que ficou para trás.


[Inferno, Xutos e Pontapés]

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Montego Nights


As noites em Montego eram regadas a rum, reggae e luas prateadas espelhadas sobre um mar que não termina nunca. Ou assim é como lembro a noite da escolha, que me traçou o caminho por anos...

sábado, 24 de julho de 2010

While flying

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.


Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.


Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.


Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certezade que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.


Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.


Eugénio de Andrade

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sorolla



Amo, amo, amo.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Excertos de um outro

Têm vindo a perguntar-me coisas interessantes. Ou não.
Perguntaram-me porque escrevo num blog. Não soube bem o que responder. Provavelmente não há resposta.
Começou por acaso, numa noite de depressão, com o intuito de ser eternamente secreto, exorcisar fantasmas e guardar monstros no armário. Num pulinho foi-se espalhando. Hoje é medianamente conhecido por alguns amigos e ilustres desconhecidos. Mas que sabem de mim quem me lê? Atrevo-me a supor que pouco, muito pouco, quase nada. Porque eu não me revelo no que escrevo. É nos meus silêncios que eu estou.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Coragem



Nunca antes do livro de Sandor Marai tinha pensado no conceito que hoje não me sai da cabeça... não basta amar, é preciso amar com coragem. Sim, é preciso ter coragem para assumir a diferença em público e não ter medo ou vergonha disso. Porque uma coisa é entre as nossas quatro paredes e outra é o critério da rua e do preconceito.
Na primeira vez não fui capaz, sei que o amei mas sem coragem... agora estou a tentar corrigir o erro. Já é tarde para recuperar o que perdi e sei que só tenho a mim para me culpar. Tento desta vez, mais uma vez, ter coragem de não desistir.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sándor Marai

Ouve-me. A lei do mundo dita que se deve terminar o que alguma vez se começou. Não é grande motivo de alegria. Nada chega a tempo, nunca a vida te deu nada, quando precisavas. Sofremos longamento por essa desordem, por esse atraso. Mas, um dia, percebemos que uma ordem maravilhosa e perfeita habitava em tudo... que duas pessoas não podem encontrar-se um dia antes, mas só quando estiverem maduras para esse encontro.


(...) Não acredito em encontros fortuitos. Sou homem e conheci muitas mulheres... O que fazer, se estava à tua espera? - disse, quase gentil, sem ênfase, elegante e contido.


(...) Vês Eszter, o reencontro é quase mais excitante e misterioso do que o primeiro encontro... há muito que sei isso. Reencontrar alguém que amámos não é como voltar ao «lugar do crime», atraídos por uma necessidade irresistivel, como se diz nos romances policiais?... Eu só te amei a ti na vida, não com severas exigências e nem lá muito exigentes, sei... (...)


Tu não querias, na verdade, esse amor. Não te defendas. Não basta amar alguém. É preciso amar com coragem. Nós não nos amámos com coragem... foi esse o mal. E a culpa é tua, porque a coragem dos homens é ridicula em matéria de amor. É trabalho vosso, o amor...


In
A Herança de Eszter

terça-feira, 13 de julho de 2010

Resgate

No ano passado fui para Aveiro debaixo de uma tempestade que mal me deixava ver o caminho, com mágoas em modo repeat, sem me importar se me dirigia a Aveiro ou Plutão, desde que fosse longe de Lisboa, que me trazia inúmeras recordações de dias mais felizes. Este ano resolvi ir para o meu refúgio, para aquele sitio de que falo tanto mal do clima, do mar, do ambiente e é no entanto um sitio tão querido, tão acolhedor. Vou para a minha praia, aquela que há uns anos ninguém conhecia e hoje é um hot spot cheio de gente; vou com a Wendy, que mesmo homeless, não nos troca por nada (a mim e à praia); vou para a minha lareira, os meus passeios de bicicleta, o cheiro a maresia a entrar-me pela janela, as recordações do primeiro beijo numa noite de lua naquela praia onde estamos sempre, pais e filhos e já avós e netos...
Vou! Levo pedidos e agradecimentos. Vou trazer paz e confiança.

domingo, 11 de julho de 2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

While flying

I carry your heart with me (I carry it in my heart)
I am never without it (anywhere I go you go, my dear;
and whatever is done by only me is your doing, my darling)
I fear no fate (for you are my fate, my sweet)
I want no world (for beautiful you are my world, my true)
and it´s you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you
here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life; which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that´s keeping the stars appart
I carry your heart with me (I carry it in my heart)


E. E. Cummings

terça-feira, 6 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010